Este poema foi escrito em 1978. Nessa altura eu vi assim o Natal. Havia pouco tempo que tinha passado Abril. Neste Dezembro as coisas começavam aos poucos a tentar melhorar. Mas passados estes anos todos, Natal continua a ser somente para alguns. Este ano então foi o que se sabe. Natal foi sinónimo de roubo.
Mais um ano, outro Natal,
noite de ilusões banais.
Natal do bem e do mal,
feito de muitos natais.
Na chaminé, o sapato,
na lareira, as filhós,
o presépio iluminado,
o Natal dentro de nós.
Os pinheiros enfeitados
de um sonho feito criança,
de prendas e de brinquedos,
de outra noite de esperança.
Mas Natal não pode ser,
dia feito de outros dias.
O homem tem que fazer,
um Natal todos os dias.
É Natal quando uma ave,
canta alegre a natureza.
É Natal sempre que a neve,
não congelar a pobreza.
Sempre que as águas do rio,
corram límpidas e fracas.
Sempre que não entre o frio,
nos buracos das barracas.
Sempre que não haja lama,
na palma da tua mão
e que não seja a tua cama,
ninho de prostituição.
Sempre que uma criança,
não andar com os pés nus,
e não seja mais a esperança
de outro Menino Jesus.
É Natal, quando as palavras,
do homem, não forem guerra.
É Natal, sempre que lavras,
com amor da tua terra.
Quando nascer uma flor.
tem que ser Natal também.
Natal, é sempre o amor,
de uma mulher ao ser mãe.
Castelo Branco, Natal de 1978.
Fotografia e texto: Victor Gil
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